Obama elogia Brasil mas precisa fazer mais pelo clima

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Nesta quinta-feira (10/12), o presidente americano Barack Obama congratulou, em Oslo, onde recebeu o Prêmio Nobel de Paz deste ano, o mecanismo brasileiro de proteção à floresta tropical, o Fundo Amazônia, que recebe doações da Noruega. Obama disse estar “muito impressionado” com o instrumento, como forma de evitar as emissões de gases do efeito estufa provenientes do desmatamento.

O desmatamento e a queimada de florestas tropicais em todo o mundo respondem por 20% das emissões totais de gases-estufa. “Este é provavelmente o meio mais barato de enfrentar a questão das mudanças climáticas – montar um corpo efetivo de mecanismos para evitar novos desmatamentos e, quem sabe, plantas novas árvores”, afirmou o presidente americano em uma coletiva nesta manhã.

A fala significa um passo na direção correta, pois celebra uma parceria entre um país doador e um país com floresta. Contudo, a lei americana de clima em discussão no Congresso e posição dos negociadores na Conferência do Clima (CO15) priorizam um mercado sem regulação, o contrário do que disse o presidente em Oslo. “Agora, Obama precisa transformar suas palavras em ações ao enquadram seus negociadores para que eles sigam suas orientações”, afirma Roman Czebiniak, conselheiro político sobre mudanças climáticas e florestas do Greenpeace International.

Além disso, investir em um mecanismo de proteção às florestas tropicais não minimiza a necessidade de lidar com a principal fonte de emissão de gases-estufa: a geração de energia. Na mesma coletiva, Obama lembrou como mudar esse modelo é complicado em seu país. Porém, as dificuldades não podem anular a necessidade. Controlar o aquecimento global exige investir em um mundo com menos carbono.

Ontem, mais de 70 ativistas do Greenpeace enfrentaram o frio de 3ºC em Oslo e fizeram uma vigília exortando Obama a fazer mais para salvar o clima. “As metas insignificantes apresentadas pelos Estados Unidos e as promessas de financiamento irrisórias são inaceitáveis”, afirma Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace Brasil. “O presidente Obama deve parar de se esconder atrás da desculpa de que o Congresso americano não tem interesse no assunto de mudanças climáticas e agir.”

Obama recebeu o Nobel da Paz por sua contribuição à política externa e ao multilateralismo. Agora, ele deve mostrar merecedor do prêmio nas negociações em curso em Copenhague.

“As negociações climáticas ainda podem ser salvas por um líder de verdade. O Presidente Obama, embuido pelo reconhecimento do Comitê Nobel, precisa dizer ao mundo que está disposto a assinar um acordo ambicioso, justo e legalmente vinculante”, afirma Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace International. “Nós temos a tecnologia, o dinheiro, e o imperativo moral para fazer isso. O que nos falta é vontade política. O presidente Obama se elegeu com o slogan ‘Sim, nós podemos’. Agora nós podemos e devemos, senhor presidente.”

O Greenpeace pede que os países em Copenhague se comprometam com um acordo multilateral legalmente vinculante, que inclui:
– Cortes de 40% das emissões de gases-estufa até 2020 dos países industrializados (com base nas emissões de 1990);
– US$140 bilhões por ano dos países industrializados para que os países em desenvolvimento se adaptem aos impactos climáticos e parem com o desmatamento;
– Fim do desmatamento das florestas tropicais até 2020;
– Redução entre 15% e 30% da projeção para 2020 da emissão de gases de efeito estufa dos países em desenvolvimento com apoio dos países industrializados.

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