O Museu da Corrupção (MuCo) abre uma exposição dia 9, Dia Mundial de Combate à Corrupção, no Tribunal de Contas da União, em Brasília, a capital da corrupção no Brasil. A abertura ocorrerá durante o Seminário “Superando a Cultura da Corrupção”, da ABRACCI, Articulação Brasileira Contra a Corrupção e a Impunidade.
O MuCo foi criado, no dia da Descoberta do Brasil, em 22 de abril de 2009, para impedir que qualquer novo escândalo relegue ao esquecimento o anterior, que é o que acontece sempre. Sai o escândalo das nomeações secretas (alguém ainda lembra?) e entra o panetonegate, por exemplo, até que outro venha enterrá-lo na impunidade.
O MuCo contém salas de exibição de todos casos, escândalos, CPIs e investigações de hoje até 2000. Até 1500, a pesquisa prossegue, enriquecendo os arquivos a conta-gotas, mas muito do que existe já pode ser consultado numa biblioteca virtual, onde há livros esgotados para baixar e processos de falcatruas coloniais digitalizados pela Torre do Tombo, em Portugal.
O arquiteto Rodrigo de Araujo Moreira projetou um museu de verdade, com muita transparência, e salões abarrotados de corrupção, que pode ser pesquisada pelo nome que ganhou da Polícia Federal, ou por seus personagens. Uma linha do tempo orienta o visitante, que conta com tradução em espanhol e inglês (os estrangeiros não sabem o que é um laranja, nem por que tudo acaba em pizza). Um dicionário está disponível para brasileiros que não entendem o que é “dinheiro não contabilizado”, “araponga”, “maracutaia”.
Como todo museu, o MuCo tem uma lojinha, que exibe, mas não vende, as famosas cuecas para guardar dólares, camisas de colarinho branco, ferramentas para grampear telefone, e acaba de receber um sortimento de meias e panetone. Também há uma lanchonete, com as tradicionais pizzas da Zia Angela, que se pode ver na dança do mensalão, oferecendo sabores para todos os gostos, inclusive o sucesso do momento, a pizza Sarney, com bigodes feitos de aliche. Uma galeria de arte mostra o acervo que acumulou Edmar Cid Ferreira, do liquidado Banco Santos. E uma agência de turismo mostra a farra das passagens aéreas. O visitante pode escolher “monumentos da corrupção”, como a casa da Dinda, ou a mansão do Palocci, ou o Palace 2, do Naya, e enviá-los como cartões postais a amigos, sem sair do site.
Todo dia o MuCo faz uma nova exibição. Em cartaz, sempre, o farto material produzido durante o dia em Brasília, seja no Congresso, na PF ou no STF. Endereço para visitas: www.muco.com.br
Seminário “Superando a Cultura da Corrupção”
Evento realizado pela ABRACCI, em Brasília, nos próximos dias 9 e 10 de dezembro, o seminário nacional “Superando a cultura da corrupção” pretende discutir alguns aspectos da realidade brasileira que precisam ser enfrentados para que se construa uma “cultura da integridade” que permeie todos os aspectos da vida nacional.
Data: 9 e 10 de dezembro de 2010
Horário: das 9h às 18h
Local: Auditório do TCU – Brasília – DF
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pela internet