CNBB comenta renúncia de Bento XVI

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Brasília – A notícia da renúncia do papa Bento XVI hoje (11) foi recebida com surpresa pelos católicos brasileiros, segundo o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner. Na avaliação do religioso, Bento XVI entrará para a história da Igreja como o papa que sempre abordou a questão mais essencial do Cristianismo, a do amor de Deus.

“Surpresa é a expressão para dizer que não esperávamos um gesto tão importante dentro da Igreja, apesar de sabermos que não é o primeiro papa que renuncia. Mas, em plena atividade, ele dizer que não tem mais condições físicas e, nos tempos atuais, isso exige uma presença mais forte, mais viva já que tudo corre rapidamente”, disse dom Leonardo Steiner.

Ao lembrar textos e pronunciamentos de Bento XVI ao longo de quase oito anos de pontificado, dom Leonardo avalia que ele deixará aos católicos o legado de ter sido o papa do amor. “Se dissemos que João Paulo II foi o papa da paz, provavelmente o futuro no dirá que Bento XVI foi o papa do amor. Ele muitas vezes falou da civilização do amor, falou aos jovens da necessidade de amar, de testemunhar a fé como caridade, como amor.”

Para o próximo pontífice a ser eleito, a expectativa é que ele dê continuidade ao diálogo ecumênico com outras religiões e também com povos em conflito. “O atual papa vivia um momento de diálogo importante com os anglicanos, as igrejas ortodoxas, e não só igrejas, mas também com os muçulmanos, os hebreus. Ele prezava muito isso. Creio que o novo papa dará continuidade a esse diálogo, a essa sensibilidade, e terá também muita sensibilidade para a realidade que estamos vivendo”, acrescentou o secretário-geral.

No mês de julho, o Rio de Janeiro será a sede da Jornada Mundial da Juventude. O evento representa uma oportunidade para a primeira visita de um novo papa ao Brasil.

O para Bento XVI anunciou a renúncia alegando idade avançada. O alemão Joseph Ratzinger, de 85 anos, assumiu o comando da Igreja Católica em 19 de abril de 2005, aos 78 anos. Ratzinger foi um dos cardeais mais idosos a ser eleito papa.

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Edição: Talita Cavalcante

Bento XVI é o quarto papa a renunciar

Brasília – Além de Joseph Ratzinger, o papa Bento XVI, mais três pontífices renunciaram ao cargo: Gregório XII, em 1415; Celestino V, em 1294; e Ponciano, em 235.

Em 1415, o papa Gregório XII abdicou do cargo, depois de cinco anos no poder, durante o Cisma do Ocidente, conflitos entre Roma e Pisa, na Itália, e Avignon, na França, sobre a sucessão e o local de residência dos papas – solucionado depois da renúncia, em 1418, com o Concílio de Constança. À época, havia uma disputa entre três autoridades da Igreja que se auto-intitulavam papas. Gregório XII foi um dos papas eleitos em idade mais avançada, com 90 anos.

Outro papa que também renunciou foi Celestino V, em 1294, apenas quatro meses depois de empossado na Basílica de Santa Maria de Collemaggio, na cidade de L’Áquila, na região central da Itália. Por razões políticas e econômicas, Celestino renunciou ao pontificado em favor de Bonifácio VIII, de uma influente família italiana, os Gaetani.

No ano de 235, Ponciano foi exilado por um imperador romano e, para que os fiéis não ficassem sem um líder, renunciou ao papado. Foi sucedido por Antero.

De acordo com o Código de Direito Canônico, o papa pode renunciar ao cargo desde que a renúncia seja feita livre e manifestadamente. O ato não precisa ser reconhecido por nenhum tipo de entidade.

Carolina Sarres
Repórter da Agência Brasil

Edição: Lílian Beraldo

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