É possível usar geotecnologias, computação e modelos matemáticos para compreender sistemas ecológicos e ainda possibilitar a conservação de espécies e processos ecossistêmicos? Um grupo de pesquisadores e alunos da Unesp e da Escola Técnica Estadual (ETEC) Prof. Armando Bayeux da Silva, de Rio Claro, acredita que sim, se essas ferramentas forem imersas em muito conhecimento biológico.
Uma das grandes dificuldades para compreender como alterações ambientais influenciam as dinâmicas de populações de animais e plantas, bem como os serviços ecológicos que elas provêm, é a falta de ferramentas de análise que permitam olhar mais amplamente para esses processos, utilizando uma abordagem de paisagens.
O grupo, liderado pelo Prof. Dr. Milton Cezar Ribeiro, do Laboratório de Ecologia Espacial e Conservação (LEEC) do Departamento de Ecologia da Unesp/Rio Claro, está desenvolvendo um conjunto de soluções computacionais que permite simular movimentação e interação entre animais e plantas. Com isso, será possível compreender melhor diversos aspectos ecológicos, auxiliando no planejamento de paisagens.
Para isso foi desenvolvida a plataforma computacional chamada BioDIM (Biologically scaled Dispersal Model) que, em português, significa modelo de dispersão em escala biológica. Ela conta com ferramentas de sistemas de informação geográfica, programação de computadores, funções matemáticas e é alimentada por conhecimento científico e de campo sobre a biologia dos organismos.
“Desenvolvi esse modelo durante o meu doutorado na USP para estudar processos ecológicos relacionados à avifauna na Mata Atlântica. O objetivo agora é ampliá-lo para compreender outros ecossistemas e paisagens e um número maior de organismos, de forma que essa possa ser uma ferramenta tanto para pesquisa quanto para gestão ambiental”, diz Ribeiro.
O projeto conta ainda com a participação do doutorando Bernardo Niebuhr (Unesp), do graduando John W. Ribeiro da Faculdade Anhanguera/Rio Claro e de três alunos do curso técnico em Informática da ETEC Prof. Armando Bayeux da Silva: Bruno Veronez, Mayara da Silva e Edson de Queiroz, que contam com bolsas de iniciação científica júnior (PIBIC/JÚNIOR) da Unesp e CNPq.
“É muito importante que esses projetos de pesquisa e desenvolvimento ultrapassem os muros da universidade e integrem também alunos de outras instituições”, comenta o professor. Para os professores da ETEC está sendo uma experiência nova e muito gratificante, pois é raro que seus alunos sejam financiados com bolsas de estudo para desenvolverem projetos desta natureza junto às universidades.