A Unesco informou, em janeiro, que mais de 84% da população adulta mundial sabe ler e escrever – oito pontos percentuais a mais que em 1990 -, mas ressaltou que pelo menos 774 milhões de pessoas ainda vivem sem esses conhecimentos básicos. Se essa tendência for mantida, em 2015 haverá 743 milhões de adultos e 98 milhões de jovens analfabetos no mundo, segundo os últimos números fornecidos pelo ISU, Instituto Estatístico da Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura.
A Unesco critica o fato de as políticas sociais e educacionais não reduzirem a disparidade de investimento por aluno no Brasil. Em 2009, o Estado gastou 611 dólares por aluno do ensino primário na região Nordeste, metade do que é investido em um estudante do Sudeste. O mínimo de gasto para uma educação adequada seria 971 dólares por aluno, diz a publicação.
O relatório, intitulado Ensinar e aprender: atingindo a qualidade para todos, destaca que cerca de 10% do gasto na educação infantil no mundo é perdido devido às falhas no sistema de ensino. A crise global do aprendizado custa aos governos 129 bilhões de dólares por ano. “No estágio atual, os países simplesmente não podem reduzir o investimento em educação”, ressalta o texto.
A Unesco conclui que a valorização dos professores pode mudar esse cenário.De acordo com a Unesco, será necessário recrutar 5,2 milhões de professores em todo o mundo até 2015.
O Brasil está sem um Plano Nacional de Educação desde 2011. O primeiro, aprovado em 2001, teve vigência de dez anos. O novo texto que tramita no Congresso Nacional estabelece 21 metas para aprimorar a educação no país. O PNE foi aprovado no Senado em dezembro de 2013, mas, como houve modificações, o texto voltou para a Câmara dos Deputados. A nova versão é alvo de críticas de movimentos de educação, que veem um tom “privatista” nas mudanças.
Pressionado pelos protestos de junho do ano passado, o Congresso Nacional aprovou em setembro a destinação de 75% dos royalties do petróleo para a educação. Para Marcelino, os recursos não serão suficientes para bancar a elevação de 10% do PIB para gastos em educação, como prevê o PNE. No relatório, a Unesco estabelece que o mínimo a ser investido é 6% do PIB. De acordo com a entidade, o Brasil destina 5,9%.
Para Onaide Schwartz Correia de Mendonça, chefe do Departamento de Educação da Unesp de Presidente Prudente, não há surpresa no levantamento feito pela Unesco. Ouça entrevista na Rádio Estadão
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Maria Rosa Rodrigues Martins de Camargo, especialista em educação e formação de jovens e adultos da Unesp em Rio Claro, faz um panorama sobre a pesquisa da Unesco.
Falta de políticas públicas eficientes e histórico cultural deixam o Brasil em 8? lugar no ranking dos países com maior número de analfabetos adultos, considera pesquisadora da Unesp
Assessoria de Comunicação e Imprensa