FAPESP e GSK anunciam dois novos Centros de Excelência em Pesquisa

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Karina Toledo | Agência FAPESP – A FAPESP e a empresa farmacêutica Glaxo SmithKline Brasil (GSK) anunciaram a criação de dois novos Centros de Excelência em Pesquisa no Estado de São Paulo – um deles sediado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e dedicado a desenvolver novas tecnologias na área de química sustentável e outro no Instituto Butantan, voltado à validação de alvos terapêuticos que possibilitem a criação de novos fármacos para doenças de base inflamatória.

Selecionados em duas chamadas públicas de propostas lançadas em 2014, os projetos receberão investimentos da ordem de R$ 88,4 milhões para o desenvolvimento de estudos ao longo dos próximos dez anos. Desse montante, a FAPESP e a GSK vão compartilhar R$ 34,6 milhões. Outros R$ 53,7 milhões serão investidos pelas instituições-sede.

“A FAPESP tem feito um grande esforço para ampliar as atividades acadêmicas de modo a beneficiar a indústria e a sociedade. Temos assinado acordos de parceria com empresas. Este com a GSK parece particularmente interessante, pois o Instituto Butantan tem grande tradição de pesquisa, assim como a UFSCar”, disse o presidente da FAPESP, José Goldemberg, durante o evento em que foram anunciados os projetos escolhidos.

Cesar Rengifo, presidente da GSK, contou que há cinco anos a empresa tomou a decisão de investir em países onde há ciência de qualidade, entre eles o Brasil, e para isso criou o programa Trust in Science. “Hoje confirmamos nosso compromisso, pois nosso investimento no país vai aumentar em 50% nos próximos cinco anos. Nosso objetivo é, no futuro, lançar um produto orgulhosamente descoberto no Brasil”, afirmou.

Segundo Rengifo, assim como a Argentina, o Brasil foi escolhido como parceiro-chave na América Latina por ter uma grande produção científica e contar com instituições como a FAPESP, “que conseguem articular a ciência de qualidade, de modo que os investimentos sejam canalizados para os lugares certos”. “Nossa intenção é que o grande número de publicações brasileiras se transforme em ciência aplicada”, disse o executivo em entrevista à Agência FAPESP.

Também presente no evento, o ministro de estado britânico para Comércio e Investimento, Francis Maude, ressaltou que a nova parceria reforça os laços já existentes entre FAPESP e Reino Unido. “Já há 32 acordos entre a FAPESP e universidades e empresas britânicas. A instituição também é a parceira brasileira em diversos programas dedicados a promover colaboração além-mar”, disse.

Maude disse estar confiante de que a nova parceria levará à produção de ciência de excelência e a impactos sociais e econômicos significativos. “Os resultados vão nos capacitar para lidar melhor com questões globais de saúde e, ao longo do caminho, gerar crescimento e empregos no Brasil e no Reino Unido”, afirmou.

Escopo dos novos centros

Coordenado pela professora , no Instituto Butantan, o Centro de Excelência em Pesquisa Básica Orientada (Centre of Excellence for Research in Target Discovery) tem como objetivo identificar alvos moleculares e vias de sinalização envolvidas em doenças de base inflamatória, como artrite reumatoide, síndrome metabólica e doenças neurodegenerativas.

A ideia é usar produtos naturais, como venenos e secreções animais, na validação dos alvos terapêuticos, abrindo caminho para o desenvolvimento de novos fármacos.

Já o Centro de Excelência em Química Sustentável (Centre of Excellence for Research in Sustainable Chemistry), coordenado pela professora da UFSCar , terá como missão buscar métodos mais eficientes de síntese orgânica, com menor impacto ambiental.

As pesquisas vão privilegiar o uso de solventes e fontes de energia sustentáveis, reagentes mais seguros, processos mais limpos, matérias-primas renováveis e buscar métodos “verdes” para triagem de compostos ativos. Além de pesquisadores da UFSCar, a equipe contará com membros da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

O diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, explicou que os projetos que darão origem aos centros foram selecionados por um comitê de cientistas escolhido pela Fundação e pela GSK.

Segundo Brito Cruz, com base na experiência acumulada pela FAPESP ao longo de 20 anos de fomento à pesquisa colaborativa entre universidade e indústria, foram estabelecidas algumas características consideradas prioritárias para assegurar que os centros atinjam os objetivos propostos.

“Em primeiro lugar, é preciso ter um plano para produzir ciência de primeira classe. Além disso, as instituições-sede devem se comprometer a oferecer apoio adequado para os centros funcionarem. Finalmente, é preciso haver pesquisadores da empresa trabalhando junto com os da universidade. Em cada centro há um coordenador, que é o investigador principal, e há também um coordenador adjunto, que será um pesquisador qualificado, apontado pela empresa, que será um pesquisador visitante na instituição-sede. O objetivo é ter certeza de que o parceiro será envolvido em todas as decisões e na operação cotidiana dos centros. Queremos que uma real parceria se desenvolva”, ressaltou Brito Cruz”, ressaltou Brito Cruz.

“Nós não pretendemos ficar sentados só observando. Vamos fazer parte das reuniões e das discussões”, afirmou Isro Gloger, diretor do programa Trust in Science, da GSK.

Gloger contou que o programa foi lançado em 2011 e disse que a empresa teve “sorte de firmar um acordo com a FAPESP”. “Criamos um programa que acredito ser único, pois não envolve apenas financiamento, mas também colaboração da empresa com grupos acadêmicos. A GSK é um participante científico muito ativo. E, segundo o acordo, a propriedade intelectual pertencerá ao cientista que de fato fizer a descoberta”, disse Gloger.

Jorge Elias Kalil Filho, diretor do Instituto Butantan, comemorou a oportunidade de contar com o apoio de uma grande empresa como a GSK para transformar as descobertas feitas na instituição em produtos úteis à sociedade.

Targino de Araújo Filho, reitor da UFSCar, afirmou que a criação do centro – no momento em que a instituição celebra seu 45º aniversário – é um presente e um reconhecimento da qualidade e do esforço de seus pesquisadores. Segundo ele, a forma como o centro será estruturado permitirá à universidade contribuir plenamente para o desenvolvimento do país.

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